Mais um forte tremor de terra assustou os moradores de Montes Claros (MG), nesta quinta-feira (18). O abalo ocorreu às 7h11 e atingiu 3.8 graus na escala Richter, segundo o Observatório Sismológico de Brasília (Obsis), centro de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB).
De acordo com o Obsis, o foco do tremor foi no bairro Vila Atlântida, região Noroeste. Mas moradores de pelo menos 11 bairros, em diferentes pontos da cidade, sentiram o abalo. O Corpo de Bombeiros recebeu mais de 200 ligações.
Rosilene estava no banho quando sentiu o tremor
(Foto: Michelly Oda / G1)
"Eu estava tomando banho e ouvi um barulho muito forte nas paredes. Tive a sensação de que tudo iria desabar, queria sair correndo", conta Rosilene Santos, moradora do bairro Morrinhos.
A assistente social ficou tão nervosa que o marido, Juvanir Batista, teve que levá-la ao médico. "Ela estava muito alterada, tremendo e chorando sem parar", diz.
Como o abalo ocorreu no momento em que estudantes chegavam nas escolas, aulas tiveram que ser canceladas devido ao pânico, como ocorreu no bairro Santos Reis, um dos locais onde o tremor teve maior intensidade.
As aulas de uma escola estadual foram suspensas
(Foto: Michelly Oda / G1)
"Houve muitos gritos e correrias, os alunos ficaram assustados e os professores não sabiam como agir", afirma Maria Francisa Silva, diretora da escola estadual Belvinda Ribeiro.
O estudante Tiago da Silva, de 8 anos, é um dos 500 que estavam no local. "Meus colegas gritava, choravam e saíriam correndo. Senti muito medo, parecia que a escola ia cair", diz o menino.
Outra instituição também teve o ritmo de aulas modificado na manhã desta quinta-feira, no Cemei Nossa Senhora da Conceição, 160 crianças de dois a cinco anos estavam no local.
Professora conta que uma telha quase cai na cabeça
de um de seus alunos (Foto: Michelly Oda / G1)
"Fazíamos a oração diária quando ouvimos um barulho que parecia uma bomba sendo explodida dentro da terra. Um telha caiu e por pouco não acertou uma das crianças. Após o susto, os pais buscaram os filhos", relembra a professora Fabrícia de Oliveira.
O técnico em mecânica, Sílvio Andrezo, estava no aeroporto Mário Ribeiro quando sentiu o abalo. "A estrutura tremeu bastante os taxistas que estavam no local saíram correndo", fala. Ele que morou em Campinas (SP) por quatro anos e há pouco tempo retornou para o Norte Minas.
"Quando dizia que era de Montes Claros, as pessoas logo comentavam, a você é da cidade onde a terra está tremendo, é uma fama que se espalhou pelo Brasil."
O que diz a ciência
Uma das estações existentes em Montes Claros
(Foto: Divulgação/Observatório da UnB)
O último tremor de terra registrado em Montes Claros foi em 23 de dezembro de 2012. O mais intenso ocorreu em 19 de maio de 2012, com magnitude 4.2 na escala Richter. Atualmente nove estações sismográficas móveis fazem o monitoramento dos abalos. Na próxima semana, uma estação permanente vai ser instalada e coordenada pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
O chefe da estação na universidade, Expedito Ferreira, explica que os estudos começaram a ser feitos em junho de 2012 e já apontam que os tremores em Montes Claros devem ter magnitude máxima de cinco graus. O especialista afirma que o Brasil está localizado em cima de uma única placa, a Sulamericana, caso estivesse em um encontro de placas, como o Japão, a intensidade registrada seria maior, assim como os estragos.
O especialista ainda explica a causa dos abalos. "Há uma falha geológica na região Noroeste da cidade, quando há uma movimentação de placas ocorre a geração de energia, que é dissipada em forma de ondas. Não há uma periodicidade para a ocorrência dos tremores, eles podem acontecer e parar repentinamente."